«No dia em que fores “perfeita”, deixar-te-ei.
No dia em que não encontre qualquer “falha” em ti, hei de te achar irreal e perder o interesse, e a tua “perfeição” há de oprimir-me ao ponto de me sufocar, de me esmagar perante o imponente peso da tua exemplaridade.
Não acredito em gente perfeita, em gente que não se cansa, que não resmunga, que não discorda, que não protesta. Soa-me a falso. Prefiro mil vezes saber que o saberei se te cansares, se discordares, se quiseres menos ou quiseres mais, ou se quiseres outra coisa; e deslumbrar-me por, sabendo isto tudo, seres entendível, compreensível, por a vida contigo ser boa e fácil de viver. Talvez o que ame mais em ti seja mesmo essa transparência, saber que o que mostras é o que sentes e o que pensas, sem máscaras opacas, sem fingimentos. Gosto que sejas assim, na vida, no sofá, na cama. E que o que se vê seja real: o real, quando é bom, dá muito mais tesão que o artificial, que o fingido, por mais sofisticado que seja.
E isso é assim em tudo, até no físico, inegavelmente no físico. Atrai-me mais a tua forma humana que qualquer forma plástica, por redondas que lhe façam as mamas, por lisa que tenham a pele. Gosto-te daquilo a que chamas celulite porque é tua, e da forma do teu rabo, e como as tuas mamas são diferentes uma da outra e eu as amo a ambas. Gosto dos sítios mais recônditos de ti, das pregas nos teus sovacos, do sabor das tuas orelhas, da pequeneza – da macieza - entusiasmante das tuas mãos. Quando te queixas de que os fabricantes de soutiens não fazem nada para o teu número e que tens de usar extensores, eu gosto disso, gosto que não sejas do tamanho dos manequins que eles usam, porque isso quer dizer que és tu, e és do tamanho de ti mesma.
Gosto da maneira como és e não te mudaria nada, e no entanto sei que ao mudares irei continuar a gostar, porque se mudares será para o que queiras e para o que te faça sentir bem e ser feliz, e eu hei de gostar disso, e o teu corpo há de contar uma história, como hoje conta. Cada forma tem uma razão, da tua barriga às tuas costas e aos teus tornozelos, músculos e tendões, as marcas e a tinta na pele, cada centímetro de ti és tu, e o teu corpo, como a tua mente, é a história da mulher que és, da mulher que amo. O amor é isto, de gostar de alguém presente, não passado nem futuro. Por isso gosto mais do teu corpo como ele é hoje do que como foi ontem, ou como poderá ser num hipotético amanhã.
O perfeito, para mim, és tu.
E as tuas supostas imperfeições só me dão mais vontade de te foder.»
Mais um belo texto do
Menino. Acabei de descobrir este blogue e, para quem não se arma ao purismo {digo "arma" porque no fundo quase todos gostam de alguma sacagem!} acho que vai gostar. A linguagem é crua e com um uso despreocupado das asneiras.
Espreitem!
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