terça-feira, 30 de novembro de 2010

hoje é só da mãe


Se este foi o que foi e este mais ainda, claro está que hoje este dia não me ia escapar. É o dia da minha mãe. A minha mãe do coração. A minha mãe é a minha MÃE. Aquela pessoa que me topa em dois tempos. Que reconhece na minha voz quando não estou nos melhores dias e sabe com uma antecedência que a mim me transcende, que alguma coisa não anda bem. É difícil surpreender a minha mãe. Não porque não se deixe surpreender [é sagitário e como tal adora surpresas], mas como tem bom olho, rapidamente topa que alguma coisa anda no ar. Às vezes, tem ar de cabeça no ar, mas vai-se a ver e não é bem assim. É atenta à maneira dela. Tem bom faro. Tem faro de mãe. A minha avó Luiza, diz que a minha mãe nasceu de uma bolinha de sabão. Sim, isto é uma private joke que só quem ouve as histórias da minha avó consegue alcançar. A minha mãe não é mãe-galinha. Nunca foi. A minha mãe paira sobre nós. Vigia sem encandear. Controla sem sufocar. A minha mãe é suave. É sincera e verdadeira. A minha mãe já passou as passas do Algarve. Houve momentos duros, muito duros. Difíceis para caramba. Mas como sempre, a minha mãe tem um dom que é raríssimo. Começa do zero sem medo. O reset é um botão que não lhe faz frente. Tenho tanto orgulho na minha mãe. Às vezes, olho para trás e consigo perceber exatamente os momentos em que a minha mãe foi decisiva na pessoa que sou hoje. A minha mãe deu-me segurança. Deu-me autoestima. Deu-me a importância de falar a verdade. E deu-me aquilo que mais me caracteriza, deu-me o encarar a vida com um sinal de mais. Otimismo. A minha mãe é aquela pessoa a quem eu ligo diariamente. Não porque tenha coisas para contar. Ligo apenas para ouvir a voz que me conforta. A voz que me traz sossego à alma. Lembro-me bem do dia em que me disse que ia viver para Madrid durante 3 anos. Ui. Que difícil foi ouvir aquilo. E foi por isso que na 1ª vez que lá fui, assim que entrei no elevador para regressar a Portugal, comecei a chorar compulsivamente. Ficava triste sempre que desligávamos o telefone. Não foram bem 3 anos, mas pareceram-me 10. Ou 20. Fez-me tanta falta. Bolas. Não sou muito de acreditar nos desejos de ano novo, mas houve um deles que se realizou. E teve a ver com a minha mãe. Foi aquele em que desejei que a minha mãe encontrasse alguém que a fizesse mesmo feliz. Alguém que não a fizesse voltar a carregar no reset. É por isso que o P. tem uma responsabilidade do tamanho do mundo. Se me falha, tem-me à perna. Hoje a minha mãe faz 55 anos. Ainda lhe falta tanto para viver. Faltam-lhe os netos. Falta-lhe viajar meio mundo. Falta-lhe fazer uma exposição de pintura [pós-Madrid]. Falta-lhe comprar um Smart. Falta-lhe voltar à terra onde nasceu. Falta-lhe ter um mega quintal com tudo quanto é erva para fazer um chá digestivo novo. Falta-lhe ter um cão. Falta-lhe tanta coisa. Falta-lhe viver o dobro daquilo que já viveu. Quero-te cá por muitos anos. Ouviste? Preciso de ti. Muito mais do que imaginas. És o meu coração. Adoro-te mais do que muito. Parabéns.

6 comentários:

J disse...

Por isto tudo, acho que gosto da tua mãe :) (apesar de preferir mil vezes a minhs :P )

Cláudia L. disse...

É bom que sim. Alguma vez eu deixava que gostasses mais da minha mãe?!!! Na ne ni no NUNCA! :)

Pedro disse...

Muito bonito. Parabéns à mãe (e à filha)!:)

P.

Anónimo disse...

Obrigada, filhota. Que bom veres-me assim, mas exageraste, em algumas coisas tens razão,noutras nem tanto.Qt a viver muito + para fazer tudo o que para aqui dizes, espero ter tempo e força para capinar.
beijocas e nunca me faltes!!!!pois é de ti que eu preciso para me tornar uma velhinha saudavel!!!!

Só sedas disse...

Chorei. E também quero que a minha arranje um P. (ou um J., um F. o que for!)

Cláudia L. disse...

:)
Até pode ser o alfabeto todo, desde que seja alguém que as faça muito felizes. Às nossas mães.